quinta-feira, 22 de abril de 2010

Brazilian Octopus



O Brazilian Octopus foi formado em São Paulo, no início de 1968, por iniciativa de Lívio Rangan, o todo-poderoso diretor de eventos da Rhodia - empresa da área têxtil que produzia arrojados shows-desfiles para promover seus produtos. Por sinal, o Brazilian Octopus já nasceu com uma regalia incomum no mercado musical da época: um contrato de trabalho por um ano, que incluía três meses de ensaios pagos.
Da primeira formação, além de Bianchi (piano e órgão), Lanny (guitarra) e Alemão (violão e guitarra), participavam também Douglas de Oliveira (bateria), João Carlos Pegoraro (vibrafone), Carlos Alberto Alcântara (sax tenor e flauta), Cazé (sax alto) e Matias (contrabaixo). Na época, esses mesmos músicos gravaram um disco com o saxofonista japonês Sadao Watanabe, que não chegou a ser lançado no Brasil.
Rangan formou o Brazilian Octopus para executar ao vivo a trilha sonora do Momento 68, o mais ambicioso dos espetáculos institucionais da Rhodia produzidos até então no país. Com direção musical do maestro Rogério Duprat e direção cênica de Ademar Guerra, esse show-desfile tinha os atores Raul Cortês e Walmor Chagas encabeçando o elenco, ao lado dos cantores Gilberto Gil, Caetano Veloso, Eliana Pitman e do bailarino Lennie Dale. Os textos eram assinados por Millôr Fernandes.
"Eu me fantasiei de leão várias vezes naqueles desfiles da Rhodia. O grupo todo se vestia de bicho e tocava dentro de uma jaula", lembra Hermeto, que veio a substituir Cazé, alguns meses depois, junto com Nilson da Matta, que assumiu o contrabaixo. Apesar de suas trajetórias diversas, quase todos os integrantes do grupo já se conheciam da noite paulistana, especialmente da boate Stardust (dirigida pelo pai de Lanny), onde Hermeto, Bianchi e Alemão tocavam com freqüência.

Produzido por Mário Albanese e Fausto Canova, o álbum do Brazilian Octopus inclui ainda arranjos das conhecidas Casa Forte (de Edu Lobo), Pavane (Gabriel Fauré), Canção de Fim de Tarde (dos bossa-novistas Walter Santos e Thereza Souza), Gosto de Ser Como Sou e Gamboa (ambas de Mário Albanese e Ciro Pereira), que exploravam uma característica sonoridade produzida pelas flautas com o vibrafone, o órgão e as guitarras. "Nunca recebemos um tostão por esse disco. Parece que ele foi lançado na Europa, onde fez até um certo sucesso", diz Carlos Alberto, lembrando que os integrantes do Brazilian Octopus chegaram a procurar a diretoria da Fermata, para tirar satisfações sobre a vendagem do álbum. Em vez de cheques, receberam
apenas elogios e um convite para gravar outro disco. Como imaginaram que não receberiam nada novamente, recusaram. Terminou ali o inusitado octeto.

Escute e tire suas próprias conslusões. (BAIXAR)

sábado, 3 de abril de 2010

O Vento...

Posso ouvir o vento passar, assistir à onda bater, mas o estrago que faz a vida é curta pra ver...
Eu pensei que quando eu morrer vou acordar para o tempo e para o tempo parar...
Um século, um mês, três vidas e mais, um passo pra trás?

Por que será?

... Vou pensar.

Como pode alguém sonhar o que é impossível saber? Não te dizer o que eu penso já é pensar em dizer. E isso, eu vi, o vento leva!

Não sei mais, sinto que é como sonhar que o esforço pra lembrar é a vontade de esquecer...
E isso por que?
Diz mais!
Se a gente já não sabe mais rir um do outro meu bem, então o que resta é chorar.

E talvez, se tem que durar, vem renascido o amor bento de lágrimas.
Um século, três, se as vidas atrás são parte de nós.

E como será?
O vento vai dizer, lento o que virá, e se chover demais a gente vai saber, claro de um trovão, se alguém depois sorrir em paz.

Só de encontrar...

Rodrigo Amarante